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EUTOPÍA
Número 22 • diciembre 2022 • págs. 54-73
ISSN: 1390 5708 • E-ISSN: 2602 8239
Migração juvenil e a reprodução da mão de obra
em propriedades rurais familiares brasileiras
Juvenile migration and the reproduction of work hand
on family rural properties
La migración juvenil y las dicultades de reproducir
la mano de obra en propiedades rurales familiares brasileñas
Rosani Marisa Spanvello
1
, Sandro da Luz Moreira
2
, Alessandra Matte
3
y Mariele Boscardin
4
Recibido: 16/07/2022 - Aceptado: 04/09/2022
Publicado: 27/12/2022
Resumo
Na agricultura familiar, a gestão da propriedade é realizada efetivamente pelos membros da família, assim como
o trabalho. A mão de obra é composta pelos gestores da propriedade (geralmente os pais) que repassam as técni-
cas de produção e trabalho aos lhos desde muito cedo. Diante desse cenário, o objetivo desse estudo é discutir
a reprodução da mão de obra em propriedades familiares tendo como norte a sucessão geracional. A partir de
revisão bibliográca, percebe-se que a gestão das propriedades familiares é signicativamente dependente da mão
de obra familiar. Esta mão de obra familiar é composta especialmente pelos lhos que tendem a assumir o lugar
dos pais como trabalhadores e gestores da ocupação agropecuária. A partir das referências bibliográcas analisadas
conclui-se que têm ocorrido diculdades na manutenção dos lhos de agricultores no campo por meio da suces-
são geracional. Como consequência, diculdades na renovação da mão de familiar, podendo acentuar problemas
sociais relevantes no meio rural como é o caso do envelhecimento e masculinização do campo.
Palavras- Chave: Migração; Gestão rural; Mão de obra; Sucessão geracional.
Abstract
In family farming, property management is eectively carried out by family members, as well as work. e work-
force is composed of property managers (usually the parents) who pass on the production and work techniques
to their children very early on. In view of this scenario, the objective of this study is to discuss the reproduction
of the workforce in family farms with the generational succession as its north. From a bibliographical review, it is
noticed that the management of family properties is signicantly dependent on the family workforce. is family
labor is composed especially by the children who tend to assume the place of the parents as workers and managers
of the agricultural occupation From the bibliographical references analyzed it is concluded that there have been
diculties in the maintenance of the children of farmers in the eld by means of the succession generational As a
consequence, diculties in the renewal of the familiar hand, being able to accentuate relevant social problems in
the rural environment as it is the case of the aging and masculinization of the eld.
Keywords: Management; Rural management; Labor; Generational succession
1 Universidade Federal de Santa Maria, https://orcid.org/0000-0002-4278-6895, rspanevello@yahoo.com.br
2 Universidad Federal do Rio Grande do Sul, https://orcid.org/0000-0003-0743-1340 sandromoreira_rs@hotmail.com
3 Universidade Tecnológica Federal do Paraná https://orcid.org/0000-0002-0502-6643, alessandramatte@yahoo.com.br
4 Universidade Federal de Santa Maria, https://orcid.org/0000-0002-3308-4189, marieleboscardin@hotmail.com
DOI 10.17141/eutopia.23.2022.5585
Eutopía, Revista de Desarrollo Económico Territorial No. 22 - diciembre 2022
pp.54-73 • ISSN: 1390 5708 • E-ISSN: 2602 8239
TEMA CENTRAL
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Resumen
En la agricultura familiar, los miembros de la familia son quienes, efectivamente, realizan no solo la gestión de
la propiedad, sino también el trabajo. La mano de obra está compuesta por los gestores de la propiedad (gene-
ralmente los padres) que pasan las técnicas de producción y trabajo a los hijos desde muy temprano. Frente a tal
escenario, el objetivo de este estudio es discutir la reproducción de la mano de obra en propiedades familiares
teniendo como norte la sucesión generacional. A partir de la revisión bibliográca, se verica que la gestión de
las propiedades familiares es signicativamente dependiente de la mano de obra familiar, compuesta especial-
mente por los hijos que tienden a asumir el lugar de los padres como trabajadores y gestores de la ocupación
agropecuaria. A partir de las referencias bibliográcas analizadas, es posible concluir que ha habido dicultades
en el mantenimiento de los hijos de agricultores en el campo por medio de la sucesión generacional y, como
consecuencia, dicultades en la renovación de la mano de obra familiar, que pueden acentuar problemas so-
ciales relevantes en el medio rural como es el caso del envejecimiento y la masculinización del campo.
Palabras clave: Migración; Gestión rural; Mano de obra; Sucesión generacional.
Introdução
A gestão da propriedade e dos negócios ser realizada pelos próprios membros da família é
uma das principais características que diferenciam a agricultura familiar das demais cate-
gorias produtivas que compõem o meio rural brasileiro. Nesse cenário, a gestão, de modo
geral, é marcada pela organização dos recursos técnicos produtivos e pela organização dos
recursos humanos, responsável pelo exercício das atividades produtivas, pelos membros do
grupo familiar. Os recursos técnicos produtivos envolvem os bens como terras, maquinário,
insumos, investimentos nanceiros, comercialização, entre outros. Já os recursos humanos
dizem respeito à mão de obra disponível nas propriedades, capaz de transformar os recursos
técnicos em rendimentos nanceiros. Outra especicidade dos recursos humanos é o fato
desta mão de obra ser familiar, ou seja, de pais e lhos.
Atualmente, uma das principais diculdades para a manutenção dos negócios e das
propriedades rurais diz respeito à redução na disponibilidade de mão de obra para desen-
volver as atividades produtivas, seja essa externa ou interna à propriedade. Essa redução
está associada à diminuição do número de famílias no meio rural, visto que há redução das
taxas de fecundidade das mulheres rurais e, principalmente, pela migração da população
juvenil (Maia, 2014).
Na agricultura familiar, a gestão da propriedade é realizada efetivamente pelos membros
da família, assim como o trabalho. A mão de obra é composta pelos gestores da propriedade,
comumente assumida pelos pais, os quais repassam técnicas de produção e trabalho aos -
lhos, desde muito cedo. Neste contexto, Abramovay et al. (1998) registraram a participação
de crianças no auxílio aos pais nas atividades da propriedade, atuando como mão de obra e
passando a assumir responsabilidade sobre a propriedade até conquistarem a gestão plena.
Uma das principais formas de reprodução da mão de obra na agricultura familiar é por
meio da manutenção dos lhos na atividade paterna, visto que comumente a gestão está
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sob o encargo masculino, em um processo denominado sucessão geracional. Por meio da
sucessão geracional – que representa a transmissão dos negócios dos pais para os lhos –, é
que os lhos assumem o lugar dos pais como trabalhadores (agricultores) e também como
gestores.
Tomando por base esse cenário, o objetivo deste artigo é discutir a gestão das proprie-
dades rurais familiares e a relação com a reprodução da mão de obra por meio da sucessão
geracional. Em relação ao método, trata-se de um estudo baseado em revisão da bibliograa
que trata do tema, tendo como foco a gestão em propriedades de agricultura familiar para
o contexto brasileiro principalmente.
A discussão e a análise da temática proposta serão apresentadas por meio de tópicos.
O primeiro é a introdução; o segundo versa sobre a gestão das propriedades rurais na
agricultura familiar; o terceiro pontua a questão da reprodução da mão de obra familiar e
a sucessão geracional acrescido do subitem com a discussão das diculdades da sucessão
geracional e as implicações sobre a reprodução da mão de obra nas propriedades familiares
devido a migração juvenil. Por m, são tecidas considerações nais apontando avanços
dessa aproximação analítica e indicativos para estudos empíricos.
Agricultura familiar e suas especicidades na gestão das propriedades
Em se tratando de propriedades rurais, Silva e Buss (2011, 15), constatam que “a gestão de
uma propriedade rural hoje encontra tantos desaos quanto qualquer outra organização,
porém por ser constituída em sua maioria por empresas familiares enfrenta desaos anta-
gônicos como o amor e o dinheiro”. De modo que, as propriedades rurais são empresas a
céu aberto, em que o produtor é o “empresário”, “administrador” ou “gestor” muitas vezes,
independentemente do seu tamanho e potencialidade.
A necessidade da gestão da propriedade rural visa, em um primeiro momento, a admi-
nistração de custos e do capital de giro de cada atividade desenvolvida na propriedade e por
outro lado, o correto posicionamento da propriedade junto ao mercado, ao produto e ao
cliente (Bigolin et al. 2020). Do mesmo modo muitos produtores rurais utilizam conceitos
e práticas de administração em suas propriedades visando melhorar a produtividade. Por
outro lado, outros não estão preparados, sendo necessário o investimento em técnicas de
gestão, para proporcionar o crescimento da propriedade, ou, em alguns casos, a própria
sobrevivência da propriedade (Silva e Buss 2011).
A esse respeito, a gestão está presente em uma empresa rural em todos os elos, indife-
rentemente de seu tipo ou propósito, e é associada a um conjunto de recursos e insumos,
que são chamados de fatores de produção. Entre alguns desses, conforme destacado por
Silva e Buss (2011) e pelo SENAR (2015) estão: o capital (conjunto de bens alocados sobre
a terra, e possuem o objetivo de aumentar sua produtividade e ainda facilitar e melhorar a
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qualidade do trabalho humano), a terra (onde são aplicados os capitais e se trabalha para
obter a produção) e o trabalho (conjunto de atividades desempenadas pelo homem, ou seja,
a mão de obra).
Em se tratando da agricultura familiar brasileira, este segmento reúne o maior em nú-
mero de estabelecimentos no país, e tem signicativa importância econômica em diversas
cadeias produtivas (Abramovay et al. 1998). Conforme a Lei 11.326, de 24 de julho de
2006, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica
atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I - não
detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos scais; II - utilize predo-
minantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabeleci-
mento ou empreendimento; IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua
família (Brasil 2016). Para Schneider (2010) a agricultura familiar abarca uma diversidade
de formas de fazer agricultura que se diferencia segundo tipos diferentes de famílias, o con-
texto social, a interação com os diferentes ecossistemas, sua origem histórica, entre outras.
Ainda, conforme o autor dentro da agricultura familiar encontra-se uma diversidade de
formas de fazer agricultura e uma diversidade de agricultores familiares denominados que
podem ser enquadrados como colono, sitiante, posseiro, morador, ribeirinho, entre outras.
Em termos numéricos, o Censo Agropecuário de 2006 aponta que 84,4% das pro-
priedades rurais brasileiras podem ser consideradas como familiares, enquanto o Censo
Agropecuário de 2017 aponta uma queda: 74%, fazendo uso de 23% da área produtiva do
país. Em 2006 eram 16.568.205 pessoas ocupadas (77,3% com laços de parentesco com o
produtor) enquanto em 2017 foram contabilizadas 15.105.125 pessoas ocupadas (73,5%
com laços de parentesco com o produtor). Da mesma forma, também se registrou queda
na média de pessoas ocupadas por estabelecimento: 3,2 pessoas, em 2006, para 3 em 2017
(IBGE 2019). Quanto à idade média dos produtores brasileiros, de acordo com os Censos
Agropecuários, produtores com menos de 35 anos representavam 17,4% do total de pro-
dutores do país em 2006, já em 2017 o percentual foi de 12%. Ainda com relação à idade,
houve redução na participação dos grupos de menores de 25 anos (3,30% para 2,03%), de
25 a menos de 35 anos (13,56% para 9,49%) e de 35 a menos de 45 anos (21,93% para
18,29%), enquanto os grupos mais velhos aumentaram sua fatia: de 45 a menos de 55 anos
(23,34% para 24,77%), de 55 a menos de 65 anos (20,35% para 24,01%) e de 65 anos ou
mais (17,52% para 21,41%).
Damasceno et al. (2011) apontam ser a agricultura familiar a responsável pela produ-
ção diversicada de alimentos no Brasil. Segundo informações do Censo Agropecuário de
2017, a agricultura familiar é responsável por 48% do valor da produção de café e banana;
nas culturas temporárias, são responsáveis por 80% do valor de produção da mandioca,
69% do abacaxi e 42% da produção do feijão. Trata-se de uma atividade econômica, segun-
do Silvestro et al. (2001), na qual as relações familiares são importantes, pois os trabalha-
dores são os próprios membros da família. Ainda, é preciso considerar que os agricultores
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familiares têm sua reprodução de longo prazo (Almeida 1986) marcada pela permanência
dos lhos na ocupação paterna por meio da reprodução da mão de obra, conforme será
discutido nos itens a seguir.
Em estudos de agricultura familiar, o agricultor realiza e desempenha duplo papel de pai
e gerente, e hoje pode ser mais adequado considerar a família na propriedade rural como
uma equipe de gestão. A família como uma equipe de gestão, pode dar continuidade gera-
cional e independência, de uma forma que era impossível quando os membros da família
eram apenas uma força de trabalho utuante. Como gerentes, a capacidade dos membros
da família pode ser mais importante do que como trabalhadores, dado que as decisões de
má gestão podem rapidamente levar ao colapso do negócio (Gasson et al.1988).
A partir de estudos realizados em países do Reino Unido Gasson et al. (1988) argu-
mentam que a família pode fornecer a base para a expansão dos negócios, ao passo que
incorporando as crianças na empresa da família, obviamente, aumenta as oportunidades
da criança com relação à gestão, porém dependerá de fatores como o tamanho do negócio,
disponibilidade de capital, terra, mercado e oportunidades (Gasson et al., 1988).
O trabalho de Brumer (2001), realizado com agricultores familiares de 42 municípios
do RS, envolvendo nove regiões geográcas do estado (Serra; Vale do Taquari; Planalto;
Zona Sul; Metropolitana; Depressão Central; Noroeste; Alto Uruguai) argumenta existir
diferenças entre a racionalidade produtiva e de trabalho de um agricultor familiar quan-
to à forma de organização do trabalho, comparativamente a um agricultor empresarial.
Segundo o trabalho da autora citado acima embora o agricultor familiar produza para o
mercado, ele também precisa produzir para manter a família dentro da propriedade. Ou
seja, a sua margem de poder de decisão sobre como e no que vai investir é menor do que o
agricultor empresarial. Além disso, o empresário não precisa trabalhar com mão de obra da
família, podendo demitir os trabalhadores quando for conveniente ou quando não precisar
mais deles, enquanto que o agricultor familiar não pode demitir os trabalhadores, pois são
membros da sua família.
A gestão enquanto negócio no contexto das propriedades rurais leva em conta fatores
como a natureza do próprio negócio, o trabalho dos membros e a combinação entre a
administração e controle dos negócios da propriedade, além do processo de sucessão. No
total são denidas seis características em propriedades familiares: 1) A gestão encontra-se
nas mãos dos proprietários da propriedade rural; 2) Os proprietários da propriedade rural
estão ligados entre si por laços de parentesco; 3) É responsabilidade de todos os membros
da família prover capital para o negócio; 4) O trabalho é feito pela família; 5) O patrimô-
nio e a gestão da propriedade rural são repassados de geração a geração; 6) Os membros da
família vivem na propriedade rural (Spanevello 2008; Spanevello e Lago 2007).
No entanto, é preciso considerar que a agricultura familiar não é uma categoria homo-
gênea e que os agricultores diferem entre si, especialmente pelo nível tecnológico com que
trabalham, de conhecimento técnico e educacional, capacidade de investimentos, localiza-
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ção das propriedades em relação ao mercado consumidor. Estas diferenciações implicam
no próprio uso da gestão. Segundo Batalha, Buainain e Sousa Filho (2005), a utilização
pelos agricultores familiares brasileiros de técnicas de gestão é altamente insatisfatória. Esta
situação deve-se a pouca cultura (formal e informal) do agricultor no assunto, ao baixo
nível de qualicação dos técnicos extensionistas em tecnologias de gestão, à inadequação
das ferramentas disponíveis na literatura, à descapitalização dos agricultores e às políticas
públicas que não privilegiam os aspectos de gestão no setor, o que pode comprometer a
sustentabilidade e competitividade destes empreendimentos.
A gestão mais ou menos eciente pode gerar pers diferenciados entre os próprios agri-
cultores. Andreatta (2009), em seu trabalho sobre os pecuaristas no Rio Grande do Sul,
aponta a existência de quatro pers de produtores dessa atividade: 1) Pecuaristas Estacio-
nários, 2) Pecuaristas Consolidados, 3) Pecuaristas-Lavoureiros Convencionais e 4) Pe-
cuaristas Lavoureiros Especializados. Os primeiros apresentam uma produção de pecuária
baseada na tradição com gestão deciente ou quase nula, necessitando de outras rendas
(como aposentadoria) para viver, o segundo perl apresenta alguma organização na gestão
pecuária, muito embora decientes na geração de renda para a sobrevivência da família,
o terceiro perl organiza a gestão com base na pecuária de corte (com investimentos na
atividade) e lavoura e arrendamentos, o que garante um nível econômico satisfatório para
a família. Por m, o quarto e último perl são produtores com gestão empresarial da pro-
priedade, com contratação de mão de obra e rebanhos melhorados. Na produção de leite,
segundo trabalho de Wagner et al. (2004), a gestão e os investimentos na atividade diferem
os produtores em moderno convencional (trabalho com gestão eciente e tem o leite como
atividade central da propriedade, dedica sua mão de obra nesta atividade), em transição
(gestão menos eciente, mas dedica sua mão de obra nesta atividade) e tradicional (o leite
é uma atividade secundária, a mão de obra da propriedade pouco se dedica à atividade).
Reprodução da mão de obra familiar e a sucessão geracional
Entre as principais atribuições que envolvem a gestão dos recursos humanos está a questão
da mão de obra pertencente às propriedades. Conforme Silva et al. (1986), ao conceituar
mão de obra, essa denição segue alguns critérios:
O primeiro pode-se partir de uma determinação a priori, na qual integrantes da mão de
obra seriam o total de pessoas ocupadas no processo econômico da comunidade política, os
empresários, os que trabalham por conta própria, os empregados, os operários, os trabalha-
dores domésticos não remunerados, e os que se encontram desempregados na tomada do
Censo do Instituto de Geograa e Estatística. No entanto, excluídos desta conceituação os
estudantes, as mulheres ocupadas nos trabalhos domésticos, as pessoas que vivem de renda,
e os que dependem integralmente de outros.
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O segundo critério, a idade, considerando que a mão de obra é provida por pessoas de
14 anos até 65 anos, e tendo em vista o sexo se estabeleceu uma distinção entre masculina
e feminina. Outro critério classicador de mão de obra baseia-se na diferença dos setores
que compõem a economia nacional: mão de obra empregada na agricultura, na indústria e
no setor de serviços. Outra classicação é a respeito ao trabalho manual e intelectual, sendo
manual quem trabalha mais com aspectos físicos. A categoria inclui trabalhadores não es-
pecializados, semiespecializados e especializados, sejam trabalhadores agrícolas, industriais
ou de serviços (SILVA et al., 1986).
Conforme Silva et al. (1986, 718), “o conceito de mão de obra é visto como sinônimo
de trabalho manual e tem sido utilizado em estudos de mobilidade social baseados na di-
cotomia manual e não manual”. No Brasil, a população economicamente ativa é a força
de trabalho do país e o total de mão de obra disponível. Essa população economicamente
ativa foi denida pela pesquisa nacional de domicílios (PNAD) de 1978 como total de
pessoas que trabalham, têm trabalho, não estavam trabalhando ou procurando trabalho,
empregado ou não (Silva et al., 1986).
A mão de obra é um insumo de uxo continuo, ou seja, o serviço que ela presta ca
disponível hora a hora, dia a dia, ela não pode ser estocada para uso posterior, precisa ser
utilizada à medida que ca disponível, senão é perdida. Nem toda mão de obra rural é igual
em treinamento, capacidade e experiência. Novas tecnologias agropecuárias exigem habi-
lidades mais especializadas e sosticadas, em que sua eciência também depende do porte
do negócio, empreendimento, grau de mecanização, tipo de organização e outros fatores
(Kay et al., 2014).
Kay et al. (2014, 385) asseguram que “a mão de obra humana é um dos poucos insumos
da agropecuária cujo uso vem caindo consideravelmente com o tempo”. O ingresso da me-
canização, pacotes tecnológicos e outras tecnologias poupadoras de mão de obra permitem
que o trabalho agrícola seja realizado com a necessidade de menos pessoas trabalhando. Por
outro lado, a mão de obra que permanece no campo tende a ser cada vez mais qualicada,
em que tanto os empregados quanto os gestores têm aprimorado sua instrução, capacitação
e treinamento (Kay et al., 2014).
Em se tratando da reprodução da mão de obra no meio rural, a sucessão geracional
pode ser vista como fator central em propriedades familiares. Segundo Gasson e Errington
(1993) a sucessão está diretamente relacionada com a transferência da gestão dos negócios
para as novas gerações, ou seja, transferência do controle ou do gerenciamento sobre o uso
do patrimônio familiar aos lhos sucessores. Isso signica dizer que os lhos assumem o
lugar dos pais como agricultores, seguindo na atividade, ou seja, renovando a mão de obra
familiar, uma vez que com o avanço da idade dos pais, torna-se necessário incorporar nova
força de trabalho na propriedade.
A sucessão nas atividades agropecuárias é baseada em dois fatores centrais: “um processo
com diferentes estágios/fases” (Spanevello 2008, 44) e marcada pelo processo de socializa-
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ção dos lhos desde pequenos com as atividades agrícolas das propriedades rurais (Gasson
et al. 1988; Spanevello 2008).
Uma nova geração de agricultores, segundo Gasson e Errington (1993, 217) é “formada
por diferentes estágios divididos em socialização, aprendizado técnico, parceria e o controle
pelo gestor”. O processo começa pela socialização que se estende desde o nascimento dos -
lhos até a fase de realização do trabalho na propriedade em tempo integral. Os lhos desen-
volvem sua personalidade e atitudes em relação à vida familiar e agrícola e, como resultado,
podem aprender e desenvolver muitas das habilidades básicas do trabalho da propriedade.
Ou seja, a sucessão é fomentada desde muito cedo por meio de um processo denominado
socialização para o trabalho em que muitos lhos apreendem o ofício ajudando os pais
nas atividades da propriedade rural da família, e vão assumindo a responsabilidade sobre
a propriedade até conquistarem a gestão plena (Gasson et al. 1988; Silvestro et al. 2001;
Spanevello e Lago 2007).
Outro estágio importante é o aprendizado técnico. Este estágio é marcado pelo envol-
vimento dos lhos no trabalho da propriedade como mão de obra e também na gestão.
Segundo Gasson e Errington (1993) é o estágio que marca o início do envolvimento dos
lhos não apenas no trabalho, mas também na gestão, embora seu papel como gestor que
limitado a um percentual que gira em torno de 30 a 40% das atividades, tendo em vista
que o pai ainda possui grande participação nas decisões das propriedades, pois neste estágio
possui em média 50 anos ou menos. As atividades dos lhos como gestores envolvem o
trabalho geral da propriedade rural, o planejamento do dia a dia, a supervisão do pessoal e
a ajuda com máquinas e equipamentos (Gasson e Errington 1993).
A parceria é um estágio divido em dois momentos segundo Gasson e Errington (1993):
O primeiro começa quando o pai tem por volta de 50 anos. Os lhos estão cada vez mais
envolvidos em decisões técnicas de gestão, particularmente relacionadas aos tratamentos
de culturas, estoque e ao planejamento de projetos de longo prazo. O segundo começa
quando o pai tem em torno de 60 anos. Os lhos assumem mais responsabilidade pelo
pessoal, planejamento de culturas e sobre o saldo da propriedade. Neste estágio, até 65%
das responsabilidades gerenciais são assumidos pelos lhos (Gasson e Errington 1993).
O último estágio é marcado pela passagem do controle da propriedade para o lho
(novo gestor). Neste estágio, o lho está cada vez mais envolvido nos negócios da proprie-
dade, gerenciando a produção agropecuária. Trata-se de um processo natural de envolvi-
mento dos lhos tendo em vista a idade e a saúde dos pais, os quais tendem a diminuir no
nal dos 60 anos. No entanto, como reforçam as autoras, a transferência nal se dá pelas
condições de saúde e pela idade de aposentadoria do pai (Gasson e Errington, 1993).
Os estágios identicados acima se concentram nas mudanças de responsabilidades do
sucessor; assim como as mudanças recíprocas do pai A aposentadoria agora é cada vez mais
considerada como a transição para um novo papel do pai. Em algumas áreas de decisão,
como a compra de máquinas, os lhos futuros sucessores podem “gradualmente” fornecer
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informações e conselhos para o julgamento na tomada de decisão do pai. Esse processo
pode se inverter na sucessão do negócio da família e associar a propriedade rural cada vez
mais à reversão de papéis, de modo que o pai agora se torne o conselheiro de seu lho na
tomada de decisões. O gerente mais antigo passa a ter um novo papel, o de aconselhar e
ensinar, em vez de controlar e dominar (Gasson e Errington 1993).
Para Gasson et al. (1988, 23) “é extremamente importante o treinamento que os pais
passam aos futuros gestores, pois o negócio agrícola em que pais e lhos formam uma
equipe de mão de obra e de gestão é essencial para manter a coletividade na unidade fami-
liar”. Na verdade, em nenhum outro setor a interdependência entre a família e empresa é
tão forte como na agricultura (Gasson et al. 1988; Silvestro et al. 2001; Spanevello e Lago
2007). O negócio agrícola em que pais e lhos formam uma equipe de gestão colabora para
a transferência do controle da gestão para o lho e é essencial para manter a coletividade na
propriedade rural (Gasson, et al. 1988, 24).
Para Fischer e Burton (2014) a sucessão é um processo endógeno dividido em três
momentos, sendo o primeiro relativo ao aprendizado do trabalho ainda quando crianças,
o segundo é a realização do trabalho propriamente dito (de acordo com a faixa etária) e a
terceira pode ser compreendida como a etapa preparatória para a sucessão, na qual a medi-
da que a sucessão geracional se concretiza novas estratégias de negócios e de gestão podem
ser implementadas.
A renovação da mão de obra por meio da sucessão pode ser bem-sucedida e muito
benéca para a propriedade. Como o sucessor geralmente é lho do gestor, além dos bens
tangíveis (físicos), são transferidos bens intangíveis, como o conhecimento tácito adquirido
por meio da convivência durante as atividades cotidianas do gestor, que repassa o conheci-
mento explícito (Kiyota e Perondi 2014). Isso pode minimizar os problemas oriundos da
troca repentina de gestores de determinado empreendimento, pois o sucessor não precisará
de um período para conhecer a atividade, a propriedade em si e os valores da família e, a
partir disso, pode manter ou transformar a estratégia de gestão (Kiyota e Perondi 2014).
Considerando as suas características, a sucessão ou a renovação da mão de obra na
agricultura familiar é tradicionalmente marcada pelo poder paterno no processo e está
articulado em torno da gura do homem, que determina o momento e a forma da pas-
sagem das responsabilidades sobre a gestão do estabelecimento para a próxima geração. A
transição leva em conta muito mais a capacidade e disposição de trabalho do pai do que as
necessidades do sucessor ou as exigências econômicas ligadas ao próprio desenvolvimento
da atividade (Abromovay et al. 1998).
Mais recentemente, conforme Moreira et al. (2020; 2019), Matte et al. (2019), Matte e
Machado (2016), Boscardin e Conterato (2017), Lago et al. (2022), diversos fatores estru-
turais têm levado a mudanças na sucessão geracional, incluindo a possibilidade de famílias
e propriedades não terem lhos dispostos a sucederem os negócios e o patrimônio. Para
Boscardin e Conterato (2017) o modelo sucessório, padrão e uniforme, estabelecido na
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agricultura familiar e amplamente estudado e difundido pela literatura especializada parece
não mais prevalecer, sinalizando-se assim uma espécie de novo padrão sucessório, o qual
não inclui necessariamente a presença dos lhos e a continuidade da mão de obra familiar
nas propriedades. A não sucessão impõe uma dinâmica sobre a oferta da mão de obra nas
propriedades familiares, conforme será discutido a seguir.
As diculdades da sucessão geracional e as implicações
sobre a as propriedades familiares
Atualmente, a manutenção da mão de obra familiar para exercer o trabalho e a gestão de
propriedades tem se apresentado como um tema preocupante dentro da questão do desen-
volvimento rural. Esta preocupação é reforçada quando se analisa os dados populacionais
referentes ao meio rural brasileiro. Conforme o Censo de 1991, a população que residia no
meio rural era de aproximadamente 36 milhões de pessoas, diminuindo para aproximada-
mente 30 milhões em 2010. Em nível de país, segundo o Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese 2014) a perspectiva é de que em 2050 caia
para 8% (cando em torno de 8,2 milhões de pessoas). Ainda, considerando a ocupação
das pessoas em propriedades rurais, a mesma fonte aponta que em 1985 havia quatro pes-
soas envolvidas no trabalho, já em 2006 reduziu-se para 3,2 e em 2013 chegou a 2,7 por
propriedade. As projeções para 2050 apontam para 1,7 pessoas ocupadas por propriedade.
Vários fatores explicam esta diminuição populacional: diminuição do número de fa-
mílias ou de famílias jovens, queda da taxa de fecundidade entre as mulheres, aumento da
expectativa de vida entre os adultos, tendendo ao envelhecimento populacional e migração
juvenil (Maia 2014; Matte; Machado 2017). Maia (2014) reforça que a diminuição do
número de membros por domicilio nas áreas rurais cai de 4,7 em 1991 para 3,6 em 2010.
Ainda, segundo o autor, o aumento da participação de casais sem lhos no mesmo período
subiu de 4% para 12% no último ano, enquanto o IBGE arma que na década de 1980 a
expectativa de vida do brasileiro era igual há 62,5 anos, aumentando para 73,7 em 2010.
Com relação à migração juvenil é preciso salientar que os jovens deixam o campo de for-
ma mais intensa que no passado (Camarano e Abramovay 1998; Froelich et al. 2011). De
acordo com dados do IBGE, em 1991 residiam no meio rural brasileiro aproximadamente
7 milhões de jovens (15 a 24 anos), reduzindo para aproximadamente 5 milhões em 2010,
reetindo em uma redução de quase 27%. No estado do Rio Grande do Sul, de um total
de aproximadamente 197.801 jovens em 1991, o que representava 9,23% da população
gaúcha, o número aumentou para 232.654 jovens em 2010, o que representa 14,6% no
período, aumentando 16% a população jovem de 1991 a 2010.
Outro aspecto marcante deste decréscimo é que em 2010 a população juvenil era in-
ferior (14,6%) à população idosa (17%) (IBGE 2012). E segundo o Censo Agropecuário
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de 2017 no Brasil de 15 milhões de pessoas ocupadas nos estabelecimentos rurais em
5.073,324 estabelecimentos 100.357 pessoas têm até 24 anos. Destes, 70.441 são homens
e 29.916 são mulheres. No Rio Grande do Sul até os 24 anos, há 4.386 jovens no meio
rural, destes, 3.558 do sexo masculino e 828 do sexo feminino em um total de 992.413
pessoas ocupadas dos estabelecimentos rurais em 365.094 estabelecimentos agropecuários.
A migração juvenil para os centros urbanos signica muito mais do que a simples saída
das pessoas do campo. Esta preocupação tem sido gerada pelo fato de muitos lhos de agri-
cultores não estarem mais construindo a perspectiva de suceder os pais como mão de obra
nas propriedades, nem como gestores dos negócios e do patrimônio.
Este cenário pode gerar implicações na reprodução da mão de obra no meio rural,
especialmente por meio da sucessão geracional. A migração jovem signica a retirada de
pessoas com idade produtiva cedendo e ampliando o espaço para a permanência de pes-
soas mais velhas com restrições físicas ao trabalho em razão da idade avançada. É o caso
de muitas propriedades rurais familiares em que os lhos migram e permanecem apenas
os pais (Matte; Spanevello; Andreatta 2015; Spanevello et al. 2017). A saída dos lhos de
agricultores pode trazer a diminuição da força de trabalho derivadas das diculdades de sua
manutenção no campo.
Estudos pioneiros como de Camarano e Abramovay (1999) já mostravam as tendências
do meio rural brasileiro em apresentar processos sociais como o envelhecimento (quando
saem os lhos e cam apenas os pais) e a masculinização (quando saem mais as moças e per-
manecem mais os rapazes, os quais apresentam diculdades em constituir novas famílias)
do campo devido a saída expressiva dos lhos de agricultores do campo, a exemplo do que
aconteceu com países europeus como a França ainda em 1960.
A preocupação com esta temática que interliga gestão, mão de obra e sucessão, parte
do entendimento que, para se ter gestão é necessário ter mão de obra disponível no meio
rural, sendo a sucessão geracional o principal processo de renovação desta mão de obra,
conforme ilustrado na Figura 1 a seguir. Dentro da proposta deste artigo – discutir a gestão
das propriedades rurais familiares e a relação com a reprodução da mão de obra por meio
da sucessão geracional –, entende-se que a realização da gestão nas propriedades familiares
é fundamental para ocorrer a reprodução social. A reprodução social é entendida como o
processo de transmitir, repor e manter os mecanismos sociais de geração para geração
(Spanevello 2008, 41), que ocorre por meio da sucessão geracional, sendo este processo
que dá seguimento aos lhos nas atividades e propriedades paternas como gestores e como
trabalhadores (mão de obra).
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Figura 1 – Diagrama analítico da relação gestão, mão de obra e sucessão geracional
Fonte: Elaborado pelos autores (2022).
Alguns fatores são condicionantes e impactam na desistência dos lhos pela sucessão ge-
racional e na consequente continuidade da mão de obra no meio rural. Entre os fatores
segundo Matte e Machado (2016) e Boscardin et al. (2021) analisando estudos brasileiros
reforçam aspectos como renda, nível de escolaridade, autonomia, grau de capitalização das
famílias, tamanho da propriedade, entre outros como relevantes. Bednaříková, Bavoro
e Ponkina (2016), apontam que as propriedades russas têm maiores chances de sucessão
quando os pais possuem propriedades maiores e incentivam estudos ligados à atividade
agropecuária. A geração de renda na propriedade, inclusive a geração de renda de atividades
não agrícolas, conforme mostra Duarte et al. (2021) são importantes e até mesmo deter-
minantes na reprodução da mão de obra pelos lhos. Morais et al. (2017) argumentam
que aspectos como facilidade para gerenciar a propriedade, para comprar mais terras e
reconhecimento prossional dos pais inuenciam na avaliação e atitude dos sucessores em
car na propriedade. Grubbstrom e Sooväli-Sepping (2014) destacam que os pais também
são responsáveis no incentivo à sucessão pelos lhos. No entanto, em propriedades sem in-
centivos, sem que os lhos participem das tomadas de decisões e a maior presença de lhas
tende a ser mais difícil a sucessão geracional e a consequente reprodução da mão de obra.
Moreira e Spanevello (2019) pontuam que na atualidade os pais constroem estratégias
com o objetivo de garantir a reprodução da mão de obra. Segundo o trabalho dos autores,
as estratégias envolvem moradias separadas (garantindo a individualidade dos jovens casais),
Gestão
Mão de obra
Sucessão
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participação na gestão produtiva e da renda (dividindo os rendimentos com os lhos e até
pagando salários para eles), arrendamento de terras, doação de automóveis, pagamento de
estudos, novos investimentos de negócios nas propriedades voltados para os lhos (Exem-
plo: atividade leiteira em propriedades com outras atividades agrícolas), entre outros.
Em contextos onde os lhos não têm as condições atendidas e não almejam a sucessão
geracional é possível identicar que o planejamento dos negócios e do patrimônio tomam
rumos diferenciados. Andreatta (2009) reforça que a perspectiva dos agricultores poderem
contar com a mão de obra dos lhos é um aspecto importante para a tomada de decisões
quanto aos investimentos de médio e longo prazo a serem feitos nas propriedades. Quanto
maior a perspectiva da permanência da mão de obra, maiores as chances de realização de in-
vestimentos em maquinários, terras, entre outros. Inwood e Sharp (2012), analisando pro-
priedades rurais americanas mostram que as diculdades das famílias na questão sucessória
implicam em reduzir atividades produtivas, investimentos e até mesmo venda de terras,
diferentemente de quando a possibilidade sucessória é real (ampliando os investimentos
nas atividades, comprando mais terras e até mesmo arrendando). Zhou et al. (2020) estu-
dando o rural chinês salientam que a migração massiva da força de trabalho rural levou a
um aumento signicativo do abandono de terras agrícolas e a mudanças consideráveis no
padrão da pecuária, tornando-se um negócio especializado, separando-se do sistema lavou-
ra-pecuária tradicional.
Para Kischener (2015), a falta de mão de obra intervém como um fator limitante in-
clusive para o futuro nas atividades agrícolas familiares. Segundo o autor (2015, 85), ainda
que as perspectivas atuais sejam positivas, frente às diculdades de sucessão geracional e ao
encarecimento da mão de obra no meio rural e também pela quase ausência de prestadores
de serviços, os agricultores envelhecidos estão cientes de que deverão reduzir a área planta-
da e adotarem estratégias outras para se manterem no meio.
Segundo Garcia (2014) e Kischener (2015), a falta de mão de obra faz com que os
gestores invistam em mecanização, possibilitando aumento de produção e produtividade
em determinados cultivos, basicamente grãos (soja), porém cultivos mais diversicados
tendem a ser deixados de lado. Estão tentando suprir a falta de mão de obra com a tec-
nologia, porém, “[...] passam pelo crivo da viabilidade econômica, da competitividade e
sustentabilidade em mercados cada vez mais exigentes” (Garcia 2014, 562).
No entanto, ainda que os agricultores consigam suprir a mão de obra com tecnologias,
a ausência dos lhos representa também a perda do capital inovador, pois, geralmente,
são as novas gerações que tendem a estar à frente dos conhecimentos técnicos e da gestão
que podem melhorar os rendimentos econômicos das propriedades (Silvestro et al. 2001;
Spanevello 2008). De tal modo, a falta de um sucessor pode ocasionar períodos de estag-
nação, queda de produtividade e atraso tecnológico ou até mesmo abandono da agricultura
(Wheeler et al. 2021). No Brasil, em especial no estado do Rio Grande do Sul, as dicul-
dades dos lhos em assumir a gestão das propriedades leiteiras tem provocado queda no
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número de produtores de leite no estado nos últimos anos. De acordo com o Relatório
Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no Rio Grande do Sul – 2021, a falta ou
deciência de mão de obra e a falta de descendentes ou desinteresse deles na atividade
representava 44,3% e 39,7% respectivamente do motivo para os produtores saírem da
atividade. Essa descontinuidade também foi constatada entre pecuaristas familiares no sul
do estado, ao passo que a falta de sucessores consiste de uma situação de vulnerabilidade na
pecuária de corte (Matte, Waquil 2013).
Conforme Dudek e Pawlomska (2021), a sucessão geracional, além de aumentar o po-
tencial produtivo da propriedade alavanca o seu desempenho econômico. Para além destes
aspectos, os agricultores mais velhos tendem a ser mais resistentes em relação à adoção de
práticas agrícolas sustentáveis, portanto a sucessão geracional pode ser importante para a
redução dos impactos ambientais (Leonard et al. 2017).
O estudo de Moreira et al. (2020) ressalta que a maior escolaridade e acesso a tecnologias
presente entre os lhos de agricultores possibilitam gerenciar as propriedades com maior
eciência. Neste sentido, constata-se que a identicação de um sucessor está positivamente
associada à melhor gestão, tanto atual quanto futura das propriedades rurais. Somado a
isso, a diminuição no número de propriedades rurais familiares é fortemente condicionada
pela ausência de sucessores e pela idade média dos operadores (Corsi et al. 2021).
Estes aspectos reetem as características observadas no Censo Agropecuário brasileiro,
conforme destacados anteriormente, em que se observa uma redução no número de estabe-
lecimentos agropecuários, bem como um acréscimo no percentual de pessoas mais idosas e
uma redução no percentual de pessoas mais jovens no comando das atividades. Conforme
documento da EMBRAPA (2022), a tendência quando se fala em mão de obra ou da mão
de obra gestora de propriedades rurais frente a saída juvenil e o envelhecimento no campo
brasileiro são as mudanças de pers nas propriedades com presença mais acentuadas de
empregados ou mão de obra paga, em especial mão de obra capacitada para atender as de-
mandas da agricultura digital, maior necessidade da escolaridade dos que cam, inclusive
com curso superior, reforma trabalhista para trabalhadores rurais e aumento na expansão
de propriedades e ofertas de trabalho e renda não agrícola. O trabalho de Signor (2019)
reforça que as diculdades em superar a ausência de mão de obra do rural e da vontade dos
jovens de viver no rural é a possibilidade de visualizar o rural com um espaço de oportuni-
dade de negócios, inclusive para os jovens urbanos.
Considerações nais
O objetivo do trabalho foi elencar aspectos relativos à importância da mão de obra na
gestão das propriedades familiares a partir da sucessão geracional impactada pela migração
juvenil. Como respostas, se constata que a gestão das propriedades familiares é signica-
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tivamente dependente da mão de obra familiar, e essa está diretamente ligada à sucessão
geracional. Ou seja, sem sucessão geracional limita-se a possibilidade de mão de obra e a
própria continuidade do estabelecimento agropecuário. Assim, o interesse com esse artigo
não é esgotar o debate, mas instigar que novos estudos sejam feitos, no intuito de vericar
a hipótese de que a sucessão geracional está relacionada à gestão da propriedade rural, visto
que não há estudos que armem ou mesmo que refutem essa hipótese.
A partir das leituras realizadas, é possível assumir que a sucessão geracional pode ser
usada como estratégia de gestão rural para obter mão de obra qualicada, ao passo que pro-
porcionar autonomia, valorização, oportunidades e renda para os jovens seria uma forma
de incentivá-los a dar continuidade às atividades rurais.
As diculdades e as incertezas de sucessão geracional nas propriedades rurais familia-
res, assim como a ausência de sucessores, trazem consequências consigo, como a falta de
mão de obra (qualicada) no meio rural. Visto que os jovens intrinsicamente dominam os
conhecimentos produtivos. Logo, além das diculdades do gestor em aplicar técnicas de
planejamento, uso de mão de obra, administração nanceira, entre outras, percebe-se um
gargalo na gestão rural, que afeta diretamente a agricultura familiar, o desenvolvimento
rural e aos agronegócios.
Conclui-se que são necessários estudos que avaliem a gestão das propriedades rurais e a
relação com a presença de sucessão, no intuito de entender em que medida elementos da
gestão podem se tornar favoráveis ações e políticas de incentivo à sucessão rural.
Diante dos resultados encontrados e dos avanços alcançados nos estudos rurais relativos
à sucessão geracional, é possível constatar que há uma diversidade de formas de organização
entre os produtores rurais, intuídos do propósito de garantir a continuidade da proprie-
dade e da história familiar junto daquele espaço físico. Esse cenário também evidencia a
existência de estratégias similares, mesmo entre produtores de diferentes países. Por trás
dessas ações, há lógicas familiares e culturais que podem auxiliar a compreender as decisões
de pais que almejam a continuidade das propriedades rurais, e entender essa racionalidade
se torna uma ferramenta para auxiliar nesse processo.
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